sábado, 31 de julho de 2010

24 de Outubro


24 de Outubro

Ao vovô Rafael Doria
À priminha Elizabeth


A vida corre, com o Tempo passa
pelo espaço grandioso do Universo
Eu, neste dia , trago pro meu verso
toda a felicidade de uma taça.

Sim, que, hoje, esta familia que se enlaça,
comemorando o verso e seu reverso,
o homem, no júbilo da criança imerso,
tem toda a força alegre de uma raça!

E toda a glória que esta data alcança
se inicia no olhar duma criança
e não termina nunca pelos anos ...

Seja infinito o sentimento d'alma
que faz na vida uma velhice calma
e uma infância liberta dos enganos .


Luiz Dória Furquim

Publicado no Diario de Rio Claro de 28.10.1947,
Em homenagem aos aniversários do vovô Rafael e da priminha Elizabeth, filha do Lelinho e da Ellen

(fonte da imagem: www.butterflybluebb.spaces.live.com/Marc Chagall)

Poemeto


Poemeto

Eu deixarei a vida
como deixa o tédio
do persistente bolero
o incompetente suicida

Ao porto só chegarei
quando descer a sombra
do famoso adágio
sobre meu rosto absorto

Abandonado na alfombra
de um coche sem presságio.
Claro, empurrarei a argila
como navega sua nau
o holandês solitário ,
olhos postos em favila:
ressuscitado no sal
de um mar revolucionário .

Mas eu não terei bússola
com que busque a ilha
nem tocarei a flauta
mágica da argúcia:
enfileirado na trilha
estarei entre os últimos argonautas.

Luiz Dória Furquim

Araçatuba, 2 de maio de 1981, com alterações em 31 de julho em Porto Alegre .


(fonte da imagem: www.obarcobebado.com/350 quadros de Salvador Dalí)

sábado, 17 de julho de 2010

As Cantigas da Chácara

Na Fazenda Natal vovô Raul aprendeu, ainda menino, essas cantigas aqui transcritas. Cantava-se na casa de seu pai essas e outras que se perderam no tempo - lá se vai mais de um século -. Nós cantamos na chácara em ocasiões de festa , alegria e saudade - sempre a saudade...- e cantamos também em outros lugares. E cantamos sempre e onde a Chácara estiver reunida.

(Trecho de uma carta minha escrita a meu pai Aureliano em 03-10-1984, originalmente publicado no livro "De Estevão a Raul & a Chácara", de Mario Valladão Furquim e Lelita Furquim, p. 149)

Um das canções que mais cantávamos é o famoso "Peixe Vivo", do folclore mineiro, cuja letra transcrevo aqui:

Como pode o peixe vivo
Viver fora d'água fria (bis)
Como poderei viver (bis)
Sem a tua , sem a tua,
sem a tua companhia (bis)

Os pastores dessa aldeia
Já me fazem zombaria (bis)
Por me ver assim chorando (bis)
Sem a tua , sem a tua,
sem a tua companhia (bis)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Álbum de Família



A foto da grande familia Raul Furquim, a mais globalizante (antes da internet...).

Deve datar do final da década de 1930. Foi tirada na chácara de Bebedouro.

Eu sou o terceiro sentado na primeira fila, da esquerda para a direita, tendo feito companhia aos primos Arnaldo e Roberto e ao José, filho adotivo de Pedro. Na segunda fileira, a primeira loirinha de pé, da esquerda para a direita, é minha irmã Carmen Lia. Meu irmão Raul, ainda bebê, está no colo do meu pai, Aureliano, que é o terceiro, de pé; minha mãe, Zoraide Angrisani Doria, é a segunda pessoa de pé, ao lado de meu pai.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Meu espírito-embrião



Meu espírito-embrião
Longe vai
Não encontro mais não
No inicio desprendeu da areia
Depois virou multidão
Se transformando em platéia
Meu espírito-embrião
Que tanto revolver me faz o
Corpo já
Quente sobre o colchão.

Apelo não faço não
Mas que não toquem naquele
Eu-semente
Que, penso, fui,
Sem ter nunca enraizado,
Pêndulo no ar,
Aliás no lar,
no bar
no mar...

Luiz Dória Furquim

Julho/1979.

(fonte da imagem: www.odisseiadepenelope.zip.net)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sarah Vaughan




Esta bela canção é um dos grandes sucessos de Sarah Vaughan, cantora que eu sempre apreciei.

Abaixo, informação biográfica retirada da wikipédia.

Sarah Lois Vaughan (Newark, 27 de março de 1924Los Angeles, 3 de abril de 1990) foi uma cantora estadunidense de jazz. Junto com Billie Holiday e Ella Fitzgerald é considerada por muitos como uma das mais importantes e influentes vozes feminina do jazz.

A voz de Vaughan caracterizava-se por sua tonalidade grave, por sua enorme versatilidade e por seu controle do vibrato. Sarah Vaughan foi uma das primeiras vocalistas a incorporar o fraseio do bebop.

Em 1944, Sarah gravou o tema famoso de Dizzy Gillespie, Night in Tunisia, então intitulada Interlude e gravou ainda, ao lado do pai do bebop, Lover Man, tornando a gravação um clássico.


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Guapuruvu de Beira do Rio




Guapuruvu de Beira de Rio


Evocações de aragens
Ressonâncias de horto
Na fresca paz das margens...
Águas largadas rolando
Sob a mudez umbrosa
Do Guapuruvu...

Sombras plácidas
Mádidas sombras
Baralhadas, borbulhando no reflexo das águas.
(Os dedos da brisa, indo e vindo,
as folhas móveis entrelaçam...
e o vento mais forte afrouxa a copa oca
ajeitando a peruca na cabeça do ambiente silente)
e o atrapalhado bubuiar das bolhas
turturinando
encantando na atmosfera de rolas...)

Primeiro
É a torrente descendo
Do cimo dos montes -
É o regato sambando
Nas pedras distantes -
É o córrego correndo
Nas curvas das fontes;
e o rio cantando
No reino das frondes,
E as águas vagando
Nos prados, nos longes...

Mas aqui, no guapuruvu:
(perpétuas paragens...
ágeis dedos de saudosa brisa
as folhas leves entrelaçando...)
remadas de ondas redondas
rápidos de rio rindo
remansos de roxo Volga...
e em tudo este silêncio flutuante
tateando na alma
à sombra calma, repousante
do guapuruvu...

Luiz Dória Furquim

Poema publicado no O Estado de São Paulo; selecionado por Sérgio Milliet , crítico literário, na década de 50. Sua recuperação só foi possível por causa de um recorte feito pela mamãe.

Depoimento: à época diziam que “mas guapuruvu não dá na beira de rio !”

Conversa : pode ser raro, mas já tive o prazer de encontrar um à beira de um rio , sim. Foi ... foi.... ãhn ... não sei onde foi não! Mas que interessa o lugar, se a gente o tem sempre presente ... na mente ?!


(imagem de autoria de Paulo Farina - www.panoramio.com)

domingo, 4 de julho de 2010

Praia do Boqueirão



Esta foi a primeira vez que fui à praia do Boqueirão, em Santos. Estavam comigo o Luiz Paoliello, (o Lulu), a Lavinia, meu tio Raul (o Zizo), o Paulinho, minha irmã Carmen Lia, tia Tana (que depois se casou com o Diocleciano - o Dió). Naquela época, quase todas as praias eram desertas, mas os mangues já incomodavam. Era certo que havia muito pernilongo. Essas férias foram subsidiadas pelo meu avô, Raul Furquim.