
Guapuruvu de Beira de Rio
Ressonâncias de horto
Na fresca paz das margens...
Águas largadas rolando
Sob a mudez umbrosa
Sob a mudez umbrosa
Do Guapuruvu...
Sombras plácidas
Mádidas sombras
Baralhadas, borbulhando no reflexo das águas.
(Os dedos da brisa, indo e vindo,
as folhas móveis entrelaçam...
e o vento mais forte afrouxa a copa oca
ajeitando a peruca na cabeça do ambiente silente)
e o atrapalhado bubuiar das bolhas
turturinando
encantando na atmosfera de rolas...)
Primeiro
É a torrente descendo
Do cimo dos montes -
É o regato sambando
Nas pedras distantes -
É o córrego correndo
Nas curvas das fontes;
e o rio cantando
No reino das frondes,
E as águas vagando
Nos prados, nos longes...
Mas aqui, no guapuruvu:
Mas aqui, no guapuruvu:
(perpétuas paragens...
ágeis dedos de saudosa brisa
as folhas leves entrelaçando...)
remadas de ondas redondas
rápidos de rio rindo
remansos de roxo Volga...
e em tudo este silêncio flutuante
tateando na alma
à sombra calma, repousante
do guapuruvu...
Luiz Dória Furquim
Poema publicado no O Estado de São Paulo; selecionado por Sérgio Milliet , crítico literário, na década de 50. Sua recuperação só foi possível por causa de um recorte feito pela mamãe.
Depoimento: à época diziam que “mas guapuruvu não dá na beira de rio !”
Conversa : pode ser raro, mas já tive o prazer de encontrar um à beira de um rio , sim. Foi ... foi.... ãhn ... não sei onde foi não! Mas que interessa o lugar, se a gente o tem sempre presente ... na mente ?!
(imagem de autoria de Paulo Farina - www.panoramio.com)
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